Um termômetro dos conflitos mundiais
Um termômetro dos conflitos mundiais
Trump, Biden and the Future of U.S. Multilateralism
Trump, Biden and the Future of U.S. Multilateralism
Op-Ed / Global 2 minutes

Um termômetro dos conflitos mundiais

Os grandes focos de guerra e paz este ano seguem uma linha que vai desde a Colômbia, passa pelo meio da África, segue para o Cáucaso para depois acabar na Ásia Central. Nas Américas, o conflito colombiano continua o mais importante do continente.

Contudo, este ano o Exército colombiano teve êxitos como nunca antes. Os maiores líderes tradicionais das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) estão mortos, Ingrid Betancourt, a refém mais famosa nas mãos das Farc, foi libertada numa operação que impressionou o mundo inteiro. Porém, parece difícil ver um fim dos horrores sem uma negociação, guiada por um ator exterior. Aqui a diplomacia brasileira poderia desempenhar um papel central.

Na África, a situação no Sudão, apesar da atenção elevada do Conselho de Segurança das Nações Unidas, não melhorou. A ONU ainda não conseguiu as tropas de que necessitaria para uma verdadeira missão de proteção no Darfur. O conflito continua e o vai-e-vem de combatentes e armas até já alimentou os conflitos de países vizinhos, como os ataques de rebeldes do Darfur no Chade e na República Centro-africana o demonstraram.

No leste do Congo, a guerra aumentou o nível de violência e provocou milhares de novos deslocados internos.

Em agosto, a guerra entre a Rússia e a Geórgia e o rápido reconhecimento da independência da Ossétia do Sul e da Abcásia por parte da Rússia lançaram novas ondas de instabilidade no Cáucaso.

Em uma situação sem precedentes desde o fim da Segunda Guerra Mundial, a Presidência francesa da União Européia negociou uma trégua com os russos sem o apoio dos Estados Unidos. Porém, as tensões na Europa ficaram acesas e o nível de confiança no regime russo baixou muito em todas as capitais européias.

Mas a região de todos os perigos neste fim de ano é provavelmente a Ásia. O Talibã volta como força implacável no Afeganistão e o Paquistão fica prisioneiro da violência extremista. Os atentados terroristas de Bombaim puseram a Índia em estado de alerta extremo.

Se o poder civil, agora no poder no Paquistão, não conseguir pôr ordem nos elementos mais extremistas dos seus próprios serviços de inteligência, é de temer uma queda deste país numa espiral de atentados e repressão.

Com a chegada de Barack Obama na Casa Branca, o ano 2009 poderá ver avanços importantes e progressos nos esforços de resolução de conflitos no mundo. Uma equipe convencida dos valores do multilaterismo em Washington pode voltar a colocar a diplomacia americana, isolada e paralisada durante o governo Bush, no centro dos esforços internacionais para a segurança e a paz.

Nesse sobe desce das condições dos conflitos internacionais, a América do Sul tem seu papel pela turbulência criada entre a Colômbia e o Equador (respaldado pela posição de Chávez na Venezuela) que ainda não foi totalmente resolvida, mesmo com os esforços feitos pela OEA, pelo Grupo do Rio e agora pela Unasul.

O Brasil, tanto pela diplomacia oficial quanto pelos esforços, que devem crescer nos próximos anos, da sociedade civil (ainda incipiente) e das empresas brasileiras que investem no exterior, deverá ocupar um papel de interlocutor ativo nas possíveis crises e conflitos regionais.

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